O poema é uma concha onde resssoa a música do mundo
Octavio Paz

domingo, 24 de agosto de 2014

''Filosofia e a problemática da linguagem'' foi um dos temas discutidos na aula do dia 19 de agosto. A discussão seguiu norteada pelo texto cítico/teórico O arco e a Lira, de Octavio Paz. Seguindo o fluxo da aula, na segunda parte foi realizada a leitura e as considerações teóricas sobre a poesia de Sulpícia, nome importante entre as poetas mulheres da Antiga Roma:

VI


Ne tibi sim, mea lux, aeque iam feruida cura
    ac uideor paucos ante fuisse dies,
si quicquam tota conmisi stulta iuuenta,
    cuius me fatear paenituisse magis,
hesterna quam te solum quod nocte reliqui,
    ardorem cupiens dissimulare meum.

VI

Não quero ser, querido, um férvido tormento
 – parece que passaram poucos dias –,
se em tola juventude, algo eu cometi
que mais me doa agora confessar
do que ter te deixado a sós, noite passada,
pois quis dissimular o meu ardor.

(Tradução de Guilherme Gontijo Flores)



É importante destacar a participação de uma poeta que revisita o cânone,  ricamente representado por poetas como Propercio, Ovidio, Tibulo, Catulo, Horácio, Virgílio. A voz feminina na poesia frente a este cenário representado por vozes masculinas dá luz à ideia de uma composição cujos versos e metros significam uma relação direta ao conteúdo (seja o amor, o sofrimento etc). Em seus ritmo e métrica, a poesia de Sulpícia, a exemplo, faz uma conexão com o essencial, ao mesmo tempo em que revisita e coloca no esquecimento esse cânone.







(Post by Flavia Pais)



terça-feira, 12 de agosto de 2014

Na aula de 11 de agosto discutimos a introdução de O arco e a lira, de Octavio Paz.
Analisamos em seguida o seguinte poema de Safo, a partir da edição e tradução de Joaquim Brasil Fontes (FONTES, Joaquim Brasil. Eros, Tecelão de Mitos. S. Paulo: Iluminuras, 2003).

 .ρανοθεν κατιοθ[σ-

δευρυμ† μεκρητας π[     ].  ναῦον
ἄγνον ὄππ[αι   ]  χάριεν μὲν ἄλσος
μαλί[αν], βῶμοι †δεμιθυμιάμε-
   ωοι [λι]βώντωι·

ἐν δ’ ὔδωρ ψῦχρον κελάδει δι’ ὔσδων
μαλίνων, βρόδοισι δὲ παῖς ὀ χῶρος
ἐσκίαστ’, αἰυθσσομένων δὲ φύλλων
   κῶμα †καταγριον·

ἐν δὲ λείμων ἰππόβοτος τέθαλε
†τωτ . . .ιριννοις†  ἄνθεσιν, αἰ δ’ ἄηται
μέλλιχα πνέοισιν [
   [                       ]

ἔνθα δὴ σ]τέμ[ματ’] ἔλοισα Κύπρι
χρυσίαισιν ἐν κυλίκεσσι ἄβρως
ὀμ[με]μείχμενον θαλίαισι νέκταρ
   οἰνοχόαισον

Observamos que a referência a macieiras remete ao culto de Afrodite: J. Brasil Fontes (p. 266) lembra que a maçã é o fruto de Afrodite, e que ela era chamada de "Aphrodite meléia", a deusa dos pomares e das macieiras.
para outras versões do poema, e fontes, cf. o link
http://inamidst.com/stuff/sappho/

Creio que este poema repercutirá nas leituras que faremos de algumas poetas "da natureza" como Anette von Droste-Hülshoff e  Emily Dickinson.




segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Na aula de 4/8 discutimos a ementa do curso e um poema de Safo de Lesbos, para o qual Adalberto Müller sugeriu uma tradução.

[31]
Δέδυκε μὲν ἀ σελάννα
καὶ Πληΐαδες, μέσαι δέ
νύκτες, πάρα δ' ἔρχετ' ὤρα,
ἔγω δὲ μόνα κατεύδω
a lua já se despiu
entre as estrelas; meio
da noite, conto as horas;

só eu aqui sozinha.